2004

O retorno do teológico-político

A convidada é Marilena Chauí, mestre, doutora livre-docente, titular em Filosofia pela USP, que reflete sobre o retorno do teológico-político. “O meu objetivo é examinar um pouco por que é que as guerras contemporâneas aparecem como se fossem guerras de religião. Evidentemente elas não são guerras de religião, nunca houve guerras de religião, isso não existe, mas é interessante saber porque é que essas guerras aparecem dessa maneira. E portanto a questão que eu vou me colocar é a do retorno de uma concepção da política na qual há uma presença muito forte não só da religião, mas da Teologia.”

Políticas territoriais, democracia e atores sociais

Com a urbanista Raquel Rolnik, Silvio Caccia Bava (sociólogo e diretor do Instituto Pólis), e Marcelo Balbo (diretor do curso de mestrado em Planejamento Urbano e Territorial para países em Desenvolvimento do Instituto Universitário de Veneza, na Itália). O objetivo do debate é problematizar os processos de participação cidadã de articulação entre os diversos atores sociais e de constituição de redes sociais na produção e transformação dos territórios.

O lugar dos pobres na cidade – modelos de provisão habitacional e política urbana

Fala Laura Bueno, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Pontifícia Universidade Católica de Campinas: “É necessário uma definição de qual é o espaço que as pessoas pobres, mais pobres, vão ter na cidade, para que elas tenham acesso à cidade. Não o espaço segregado, de má qualidade. Porque a maior parte da nossa população, e ainda mais se vemos em escala brasileira e latino-americana, não tem rendimentos próprios, não gera renda suficiente para adquirir a maior parte dos bens no mercado, especialmente a moradia. Porque a moradia é uma mercadoria especial. Ela é uma mercadoria que requer muitos recursos financeiros para a sua produção, tanto que o próprio empresário precisa de financiamento para construir a moradia, e requer também financiamento ou muita poupança para o seu consumo, para comprar uma casa. Todos nós sabemos que a moradia é o bem mais caro. Você consegue comprar um carro, uma televisão, todos os eletrodomésticos, com facilidades de financiamento, inclusive muito maiores, do que uma casa.”

Entre a modernização instrumental e a emancipatória

A modernidade é bifronte. Uma face beberiana, voltada para a racionalidade instrumental, e uma face iluminista, voltada para a racionalidade comunicativa. Não se trata de fazer apoteose da modernidade funcional, hegemônica, nem de superar a modernidade por um salto para a frente, pós-moderno, nem tampouco de regredir para o arcaico – fundamentalismos etc. Mas de despertar de seu sonho secular a outra modernidade.

O cinismo contemporâneo

Vladimir Safatle fala sobre o cinismo contemporâneo. O riso é originariamente reconciliador. Ao longo da história da filosofia, todos lhe deram um lugar, sem que ele deixasse feridas no espírito. Hoje cabe pensar ao inverso: com a ajuda da dialética negativa de Adorno, e com a metapsicologia de Lacan. Não haverá no riso, além da sua positividade classicamente reconhecida, algo de puramente negativo, que só se manifesta plenamente no nosso mundo contemporâneo?

A virada ética da pós-modernidade

A política tende a se apagar entre o consenso e a guerra infinita contra o terror, enquanto que a arte oscila entre esforços de restauração dos laços sociais e o testemunho não representável ou o mal e a catástrofe absoluta. Este movimento não tem nada de uma fatalidade histórica, mas vale a pena examinar como ele conseguiu, invertendo-os, explorar os radicalismos filosófico, artístico e político. Analisar a crise exige da filosofia tanto voltar-se criticamente sobre si mesma lançar-se contra os seus limites para mergulhar em vários aspectos da nossa experiência atual. A prática e a concepção de guerra, a articulação entre teologia e política, as diferentes faces de nossa modernidade, e suas vertentes éticas e estéticas.

O necessário retorno ao mundo vivido

Estamos numa época em que impera a visão científica do mundo. Acha-se que as teorias científicas têm um valor ontológico – e que, portanto, a filosofia tornou-se inútil. As ciências dão uma imagem limitada e abstrata da realidade, que pressupõe uma camada de experiência mais originária, pela qual entramos em contato primeiro com a realidade, isto é, pela qual percebemos o mundo. O intuito da fenomenologia, uma das vertentes mais importantes da filosofia do século XX, é tentar descrever esta camada originária da experiência. Tarefa muito difícil, uma vez que essa camada fica encoberta pelas construções e projeções da cultura e da ciência. Merlau-Ponty dedicou sua obra inteira a uma fenomenologia da percepção, que visa dar conta da realidade tal como ela aparece originariamente. Da presença em estado puro, ou seja, do mundo sensível, antes que tenham sido encobertos pelas categorias oriundas da ação prática e do conhecimento científico. Com o filósofo francês Renaud Barbaras.

O que é uma significação musical?

Com a filósofa e musicista Antonia Soulez, pesquisadora do Centre International de la Recherche Scientifique de Paris e integrante do Colégio Internacional de Filosofia. É autora de vários livros de pesquisa sobre a filosofia da linguagem. O tema da palestra é: o que é uma significação musical? E trata de aproximar da escrita filosófica termos considerados musicais.

Homem globalizado, com que direito?

Eduardo Bittar fala sobre o surgimento e os valores do Direto moderno e do Direito contemporâneo. E a partir da análise destes dois períodos da história do Direito, discute as possibilidades de uma reforma judiciária nos dias de hoje.

Eduardo Bittar: livre-docente e doutor, professor associado do Departamento de Filosofia e Teoria Geral do Direito da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. É também professor titular de Filosofia do Direito da Faculdade de Direito da FAAP e pesquisador pela FAPESP nas Universidades de Lyon I e II e de Paris (Sorbonne III e III), na França, em 1999.

Você quer o que deseja?

Uma pergunta profundamente humana. A dúvida e a decisão são exclusivas da nossa espécie. Aponta para o fato muito comum de uma pessoa lutar por algo e se desinteressar assim que o obtem. Com o psicanalista Jorge Forbes.

“Ficantes”

Neste programa o padre Julio Lancelotti discute o “ficar”, a forma como os jovens da atualidade realizam a aproximação amorosa. Analisa as possíveis origens e consequências desse comportamento. Discute a verdadeira dimensão do amor e o papel dos pais na educação para esse amor. Dá um belo exemplo de um amor transcendente e incondicional. Julio Lancelotti é formado em Pedagogia, e responde pela coordenação do Centro de Defesa da Criança e do Adolescente da Pastoral do Menor, em São Paulo, instituição voltada ao público infanto-juvenil que vive nas ruas.

A inquietude do futuro: o tempo hiper-moderno

Com Gilles Lipovetsky, filósofo francês, professor de filosofia da Universidade de Grenoble, teórico da hipermodernidade, autor dos livros A era do vazio, O luxo eterno, O império do efêmero, entre outros.

Scroll to top